quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

AULA INCLUSIVA


A educação na perspectiva da inclusão está pautada no respeito às diferenças e deve ser uma educação de qualidade para todos, além de oferecida por uma escola que garanta a qualidade de ensino e recursos que garantam uma igualdade de oportunidade de aprendizagem para todos os alunos (ARANHA, 2004, p.7, ALMEIDA et al., 2012).
Nesta atividade relato uma experiência encontrada na internete (Pires, 2013) destinada às crianças com deficiência visual (DV).
            A atividade descreve uma série de testes que permitiram às crianças identificar a ocorrência de transformações das substâncias.
Para tanto o professor usou 4 frascos de material transparentes, açúcar cristal, clara de ovo, água, gelo e palito de fósforo. O procedimento foi realizado da seguinte maneira: em cada recipiente foi acrescentado açúcar, clara de ovo, gelo e comprimido efervescente. Os alunos devem, por meio de todos seus sentidos, apreender as propriedades que caracterizam os materiais como cor, estado de agregação, forma de apresentação, odor, temperatura, textura, etc. Observação: neste experimento todas as substâncias podem ser tocadas, uma vez que os DV adquirem o conhecimento por meio dos sentidos e o tato permite a manipulação, que por sua vez possibilita adquirir a noção de forma, tamanho, peso, textura, temperatura, entre outras características dos objetos.
Resultado de imagem para comprimido efervescente
No tubo contendo o comprimido efervescente, adicione água e observe a efervescência. Peça aos alunos para fazer silêncio para os alunos com DV conseguirem escutar o som da efervescência (audição). Também devem colocar a mão sobre o recipiente para sentir os respingos resultados da efervescência (tato).
Resultado de imagem para agua e açucarAqueça o recipiente que acomoda a clara de ovo e constate a desnaturação da proteína. Os alunos podem, após resfriamento, tocar na clara cozida para perceberem a mudança do estado físico (tato).

            No recipiente com açúcar cristal, adicione água e atente-se para a dissolução após agitação. Se empregada água potável e recipientes limpos, os alunos podem provar a mistura e/ou manipulá-la, percebendo que antes da solubilização, sente-se os cristais de açúcar na água (paladar e tato).
Resultado de imagem para palito de fosforo queimado

            Risque o palito de fósforo e observe o seu ascendimento. Os alunos DV devem empregar o olfato para perceber a queima do fósforo e o tato para perceber que o palito passou pelo processo de queima, com mudança significativa resultado da queima da madeira do palito. Também, após alguns instantes de terminada a chama, pode-se deixar tocar no palito para se perceber o calor produzido pela chama (tato).
Resultado de imagem para cubo de gelo derretendo
            No tubo contendo gelo deve-se perceber a mudança de estado físico da matéria e pode-se pedir aos alunos para tocarem no gelo, examinado sua consistência sólida e compacta e comparando com sua consistência líquida após sua fusão (tato).
Deve-se realizar anotações das propriedades iniciais e após a realização dos procedimentos indicados, atentando-se a mudanças de cor, liberação de gases, exalação de odor, aparecimento e/ou um novo estado de agregação da matéria, mudança de temperatura ou outras alterações. Realizem discussões sobre a mudanças ocorridas.

Referências:
Almeida, L. C.; Xavier, C. T. A.; Marinho, K. S. O. Ensino de física e educação inclusiva: exemplo de uma sequência didática para a abordagem de conceitos da eletrodinâmica. Ensino, Saúde e Ambiente, v.5 (2), pp. 102-113, 2012.
Aranha, M. S. Educação inclusiva – a escola. Brasília: MEC-SEESP. 2004. Disponível em < http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/aescola.pdf>. Acesso em: 15 de dezembro de 2016.
Pires, C. S. Alunos com cegueira: características, aulas e recursos. Disponível em < http://porteiras.s.unipampa.edu.br/pibid2009/files/2013/11/ALUNOS-COM-CEGUEIRA-CARACTER%C3%8DSITICAS-AULAS-E-RECURSOS.pdf>. Acesso em: 10 de dezembro de 2016.


segunda-feira, 21 de novembro de 2016

Inclusão x acessibilidade: quando venceremos a ditadura da perfeição?




#PraCegoVer: A figura mostra quatro imagens sobre a evolução dos conceitos de inclusão. A primeira apresenta um círculo contendo desenhos representando pessoas comuns; do lado de fora  do círculo são apresentados desenhos das minorias: portadores de necessidade especiais, idosos e obesos, seguido do texto Exclusão. A segunda figura contém um círculo maior contendo o desenho de pessoas comuns; do lado de fora há um círculo menor contendo os desenhos das minorias, seguido do texto Segregação. A terceira figura mostra um círculo e em seu interior  há o desenho de pessoas comuns e um círculo menor contendo o desenho das minorias, seguido da palavra Integração. O quarto círculo possui desenho de pessoas comuns e das minorias todas juntas e misturadas, seguido da palavra Inclusão.
Resultado de imagem para acessibilidade versus inclusão

Inclusão x acessibilidade: quando venceremos a ditadura da perfeição?

Fácil falar em inclusão quando não temos que enfrentar, por nós ou por nossos caros, situações ‘desinclusivas’. Perdoem-me os linguistas, mas com esse termo quero designar o mundo como querem que o conheçamos: seres totalmente padrão!

Uma mudança de olhar, abordagem e ação são imperiosas uma vez que a acessibilidade diminui as desvantagens. A acessibilidade promove as condições para o acesso e utilização de espaços e, assim, promove a inclusão e participação efetiva da pessoas com deficiência.

Mesmo muito sendo dito sobre a inclusão e acessibilidade, absurdos são feitos com este propósito. As barreiras atitudinais ainda são gigantescas. Citarei alguns exemplos:

Estacionamentos regulamentados para portadores de necessidades especiais que não são suficientemente grandes para o veículo abrir a porta totalmente para a pessoa poder, tranquilamente, sair do veículo; quando questionado, o proprietário disse que era só para cumprir as normas...interessante sua visão: cumpro a norma, mas não de maneira que meu cliente aproveite...afinal não quero esse tipo de cliente...

Companhia de plano de saúde que só possui acessibilidade aos hospitais e não às salas de reuniões; afinal, as cabeças pensantes possuem corpos perfeitos não é mesmo?...

Escola inclusiva numa capital de Estado e famosa por este ‘slogan’ que, após entrevista de 1 hora com aluno, disse ao responsável: “Não tenho espaço para crianças com mais problemas e não posso perder tempo pois tenho mais crianças para matricular...” Sim, pasmem, entre aspas. Será que a escola é realmente inclusiva ou somente usa a propaganda?

Passos são dados na direção da ampla inclusão, porém a maneira como as pessoas deturpam e adequam para si as leis seriam cômicas se não fossem impiedosamente trágicas!

Necessariamente precisamos discutir temas tão importantes! O preconceito e resistência só serão vencidos com muita conversa, persistência e entendimento.

Vamos lá: abaixo a ditadura da perfeição!

sábado, 24 de setembro de 2016

Notícia sobre acessibilidade no Programa Futuro Cientista



Para ver a matéria completa acesse:
http://www.futurocientista.net/destaques/noticia/acessibilidade


II EPP

Semana passada fiquei surpresa em ver alguns trabalhos com a temática da deficiência no II Encontro de Práticas Pedagógicas acontecido no IFSP Câmpus Itapetininga. Evolução!

Os trabalhos aprovados e apresentados durante o evento estão disponíveis no seguinte endereço
http://itp.ifsp.edu.br/ocs/index.php/EPPCL/IIEPPCL/schedConf/presentations



Quem sou eu?

Meu nome é Alessandra e lecionei durante vários anos nos Ensinos Infantil e Fundamental. Atualmente sou Técnica em Assuntos Educacionais do Câmpus Itapetininga e faço parte do NAPNE.

“A pessoa com deficiência na minha história de vida”



Estudei em algumas classes inclusivas e lecionei para outras...Nunca aprendi no magistério ou licenciatura algo específico para a inclusão...nem tampouco citou-se algo do tipo...

A procura em como integrar é um percurso solitário...isolado...distante...A minoria se preocupa em ter um olhar diferente...

Bem, distante até olharmos para os lados e percebermos que o diferente está a nossa volta e em nós mesmos...superar ideias pré-concebidas, herdadas, enraizadas...

No ensino Fundamental tive amigos deficientes físicos, porém sem dificuldades cognitivas; as classes inclusivas citadas não o eram de verdade. Lembro-me de nas aulas de educação física eles assistirem às atividades ou ficarem dentro da sala de aula esperando a aula seguinte. Em trabalhos escolares em grupo como teatros e apresentações eram simplesmente excluídos. Interessante notar que após as aulas, em nossas brincadeiras, eles eram bem ativos...triste recordar isso... quanto eles foram deixados de lado...já imaginou o que sentiram?


Um dos amigos me acompanharam até o Ensino Médio, porém sem alteração na que chamarei “não metodologia” utilizada.

No Ensino Superior a deficiência desapareceu (ou quase) por um passe de mágica...qual será o motivo?

Porém algo extraordinário para os padrões da Universidade aconteceu quando ingressei na Pós- Graduação: começaram aparecer inúmeros casos de pessoas com deficiência física e de superdotação. Interessante notar que neste meio, apesar de não haver metodologia diferenciada, a aceitação era plena...Curioso isso...talvez por já terem provado aos pares que eram capazes? Suponho que sim, pois conhecimento acadêmico não necessariamente vem acompanhado de aceitação do diferente...

Deparei-me, depois de anos sem alunos com deficiência, quando lecionava no Ensino Fundamental, com um aluno apático, distraído e rebelde. Após inúmeras tentativas fui alertada por uma aluna que o referido discente possuía surdez. Silêncio ensurdecedor... Como a direção da escola não havia me avisado disso? Será que imaginam, como ocorre até hoje com a esmagadora maioria das pessoas, que a deficiência é visível? Só sei que tive que refazer meu vínculo com esse aluno novamente...foi difícil, porém possível...

Mas, apesar de viver tudo isso, foi quando minha filha estava na escola que a deficiência e a inclusão verdadeira começou a se esboçar. Minha filha tinha uma colega com síndrome de Down. Havia apoio especializado? Não, claro que não. Mas era a primeira vez que me deparava com uma criança com baixa capacidade cognitiva numa escola. Antes disso só nas APAEs.

Os anos foram passando e outras crianças com autismo e baixa capacidade cognitiva foram fazendo parte de suas turmas. Vale notar que a primeira vez que presenciei uma tentativa de inclusão verdadeira foi quando a professora, auxiliada por um assistente, dava atenção diferenciada aos alunos deficientes. A professora fazia vários tipos de provas diferentes, cada uma adequada à capacidade de cada aluno. Interessante...mas ela reclamava da falta de apoio da escola...pasmem...particular...

Uma dessas crianças até hoje é uma querida alegria em minha vida mesmo após mudança de estado. Na capital, os problemas para essa mãe aplicada perpetuaram... a diretora da escola especializada em inclusão disse que o discente não poderia participar da escola pois tinha muita dificuldade...aquela escola era somente para os com pouca dificuldade...que triste...até traumatizou a criança pois disse isso para ela própria e não para o responsável! O aluno perguntou para sua mãe depois da entrevista: “mãe, porque ela não gostou de mim? Eu tenho algum problema?”

Atualmente, quando comecei a participar do NAPNE, conheci casos muito interessantes de alunos com dificuldades...interessantes por causa que conhece alguns lados das histórias: as discussões do NAPNE e a conversa dos professores...Assim, este curso apresentou-se como fundamental nesta minha empreitada no entendimento sobre o assunto.

Animação total!